segunda-feira, 2 de abril de 2018

Perdoai-vos, eles não sabem o que fazem. Por Rafael Xavier

Foto: Avai FC

Em um domingo de Páscoa, que simboliza a ressurreição, o que se viu no Estádio da Ressacada esteve mais para missa de sétimo dia. Tristeza, melancolia, a ferida ainda aberta e a certeza do fim. Não estou falando do empate em 2 x 2 com a Chapecoense que selou o fim do Campeonato Catarinense para o Avaí num moribundo sexto lugar. Mas de uma das diversas despedidas que Marquinhos fará em 2018, já anunciado como último ano de sua carreira.

1400 presentes para o último jogo do M10 pelo Campeonato Catarinense. O horário era bom, o clima também, havia cerveja no estádio e, se não valia nada em termos de competição, valia ver o Galego. Não só vê-lo, mas dividir com ele esses momentos dentro de campo que estão próximos de serem os últimos.

A frase “Marquinhos é um torcedor dentro de campo” não é da boca pra fora. É uma verdade e com ela carrega o significado de entendermos que, como torcedores, somos seus colegas nessa missão de levar o azul e branco no coração e na alma. O fato é que hoje Marquinhos olhou para a arquibancada e se sentiu só.

“A” despedida será ao final do ano. Mas o torcedor e o clube devem entender que até lá serão várias despedidas. O último gol, o último gol de falta, a última assistência, o último créu no Clássico, o último jogo na Ressacada, enfim, vários momentos para dizer um até logo ao galego e saudá-lo pela bela carreira com o manto avaiano. Com seus erros e acertos, Marquinhos está no Olimpo Azul e é nosso dever como torcida estender-lhe a mão para subir aos céus da mitologia avaiana. E é dever da Diretoria tratar de dar condições para isso.

E hoje foi um desses dias. Com a condição física cada vez mais delicada, esse último ato do M10 com a camisa azurra pode estar no próximo pique de 20 metros, na próxima dividida. Uma lesão um pouco mais grave e o fim da linha pode vir a qualquer momento. Você, que bate no peito pra dizer “nós temos ídolo” tem que estar lá quando isso acontecer.

Uma pena nem o clube se ligar disso. Para quem o usa em memes, campanhas, provocações e para ser escudo de cagadas homéricas da diretoria, faltou sensibilidade para tratar o jogo de hoje dessa forma. Pouco importava o resultado, a situação permitia esquecer a competitividade e a tabela. Quando o fim de fato chegar pode ser que não dê para fazer isso. Pode ser que, por mais frio que pareça, o Avaí tenha que pensar no resultado e no próximo ano. Hoje não. Era tarde dele e o Avaí tratou como um jogo qualquer. Não houve chamada especial ou promoção da partida como um ode ao Galego.

Os recursos estão escassos e a chance de Marquinhos encerrar a carreira em dezembro com um título são muito baixas. O acesso é uma incógnita, o clube não tem feito muitos esforços para conseguir isso e o rendimento no Estadual não foi dos mais animadores. Contudo, nós, fanboys ou haters, podemos fazer deste ano motivo de orgulho para o Avaí e de reconhecimento ao Marquinhos. E para isso acontecer o dever é jogo a jogo. O próximo pode ser tarde demais.

Por Rafael Xavier

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