quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O mágico milionésimo do segundo


31 de dezembro, o dia mais humano da face da terra, demasiadamente humano diria Nietzsche se estivesse filosofando sobre esse dia. Nesse dia, acreditamos que encerramos e enterramos o que não nos serviu, lembramos docemente do que nos fez sorrir, choramos perdas e ganhos, prometemos, nos comprometemos, fechamos portas, arrancamos sentimentos, nos posicionamos acima do bem e do mal, matamos partes de nós, abraçamos o último abraço, sentimos na face e na boca o último beijo, acreditamos ... ao findar o segundo que não volta mais, desenterramos, reiniciamos, projetamos o que vai nos fazer sorrir, o que não vamos mais nos deixar fazer chorar, vamos buscar o que nos faz vencer, prometemos, nos comprometemos, renovamos parte de nós, abraçamos o primeiro abraço, sentimos na face e na boca o primeiro beijo e nos entregamos e acreditamos desmasidamente no humano, primeiro de janeiro.

E no segundo do passando que já não marca mais o relógio no caminhar do ponteiro, esse segundo singular que acreditamos mágico, a renovar pelo ar que respiramos todas as coisas tão nossas, porque feitas por nós, vemos o ponteiro apontando abaixo do nosso nariz o ano de 2010;

e nesse milionésimo de instante, cai sobre nós a caixa de Pandora e olhamos para dentro do pacote que aprisionava a esperança, o sentimento mais divino que o Renovador de todas as coisas, nos deu quando nos criou humanos, demasiadamente humanos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Te achei uma gatosa, linda!
omararriga@gmail.com